sexta-feira, março 23, 2007

ahahahahah

quem é amigo???

Alberto

quarta-feira, junho 28, 2006

Tudo num olhar

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"Na noite em que nasceram as minhas filhas, nasceram as minhas filhas dentro de mim. Durante um momento, que eu quis se prolongasse uma eternidade, uma das minhas filhas olhou para mim. Não foi de repente. Nem a cabeça mexeu. Foi devagar. Abriu os olhos. E olhou para mim. Fixou-me. Só isso. Não estava a pedir nada. Não dava ideia de segurança ou de insegurança, de tristeza ou felicidade. Estava simplesmente a olhar.
Foi na Inglaterra, em Janeiro de 1981. Esperei uma hora junto das duas incabadoras, estudando as minhas filhas, mais por amor do que por curiosidade, na esperança de uma delas abrir outra vez os olhos. Não tinha percebido bem. E pedia ao vidro: só mais uma vez. Senti-me tentado a abrir uma das portinholas proibidas, vigiadas por uma enfermeira antipática, para apertar levemente uma perna, a parte mais gorducha. Para quê? Para acordar uma das minhas raparigas, para que me fizesse mais um bocadinho de companhia naquele dia tão diferente do resto da minha vida. Não mexi nas portinholas. Resisti. Mas fui expulso pela enfermeira, no momento em que eu batia no vidro, egoísta, fascinado, um pai a fazer a sua primeira tropelia, a pôr o prazer dele à frente do bem-estar das suas filhas. Eram 3 da manhã. Fui passear nos jardins da maternidade. À luz de candeeiros amarelos, a neve tinha um aspecto falsificado, mas era bonito. (...) Toda a noite andei com aquele olhar. Dormi com ele como se estivesse deitado ao meu lado. Foi ele que me adormeceu. Adormeci quando finalmente o compreendi. (...) Aquele abrir de olhos, tão fixo e tão lento, que só muito depois se repetiu, era apenas o cuidado que tem qualquer menina de se inteirar. No princípio da vida. Só para saber. «Então és tu.» (...)

Miguel Esteves Cardoso

Foi na noite de segunda-feira, que me leram em voz alta esta crónica do Miguel. Sei que a intenção não era referir o olhar daquela menina, mas sim o facto daquela maravilhosa aventura de ser pai.
Chorei lágrimas vindas directamente do coração, aliás, como toda a noite, uma vez que tinha vindo de dois exames onde o objectivo principal, essencial e fundamental era passar nos dois e, um deles não correu tão bem como isso (vou hoje receber a nota) e nessa mesma noite o episódio daquela série fantástica, perfeita e surreal dos "Sete Palmos de Terra" foi de cortar o coração, pois o Nate morreu e, apesar de ser um indivíduo nada bem comportado para com a mulher, uma vez que a traiu e morreu logo após a traição (nem vale a pena comentar, não é? :) não merecia ter morrido. Adorava o papel do Nate, adorava o Nate e fiquei realmente triste com aquele episódio e... chorei, chorei...
Enquanto ouvia a leitura desta crónica, leitura essa pura e simplesmente perfeita, cumprindo todas as regras de pontuação, salientando cada ponto forte, arrepiando toda a alma e coração desta mãe cujo pensamento não podia estar mais embrenhado naquele olhar imaginário. Ele lia-me a aventura daquele pai na primeira noite de vida das filhas e eu só ouvia aquele doce olhar. Senti o que nunca tinha sentido: o meu filho a olhar para mim! Consegui imaginar um olhar vindo dele.
Gostava tanto de ter uns segundos assim; uns segundos que se prolongassem por toda a eternidade. Gostava de sentir TUDO num simples olhar, num simples gesto à distância onde ele soubesse e dissesse: «Então és tu.»

quinta-feira, março 16, 2006

Aos meus Amigos

Olá a todos!

Se às vezes sinto que é difícil iniciar um post, este está a ser, particularmente, muito difícil. Já estou há cerca de 15 minutos a olhar para este "Olá a todos!" e não me sai nada. Não sei como o começar. Mas vamos lá tentar...

Há cerca de um ano, iniciei este blog. Havia em mim uma vontade qualquer de mostrar o mundo daquele que vê com os olhos fechados. Acho que, no fundo precisava de mostrar que a impossibilidade de ver, não é assim tão mau e que podemos aprender muito com isso e, sobretudo ser feliz, muito feliz.
O facto de ser criança e ao mesmo tempo ser cego não significa viver num mundo escuro, sem cor, sem magia. Lá por não ver o baloiço, não quer dizer que não ande nele. Lá por não ver o sorriso, não quer dizer que não sorria. Lá por não ver as letras, não quer dizer que não aprenda a ler. Lá por não ver o coração, não quer dizer que não o ouça. Lá por não ver o mundo, não quer dizer que não o viva.
Tentei da maneira mais simples, abrir o meu coração de mãe e deitar cá para fora o melhor e o pior.
Confesso que, foi sem dúvida, das melhores coisas que fiz. Não só por ele, mas principalmente por mim. Escrever o que escrevi, ao longo deste ano, fez-me pensar muito naquilo que sou, naquilo que sinto. Sinto que peguei naquele entulho de mágoa, tristeza, revolta e impotência perante o mundo que morava dentro de mim e deitei-o cá para fora. Consigo ler este blog e consigo pôr-me no lugar daquela mãe, sentindo grande parte das vezes que aquela mãe não sou eu.
Acho que tinha uma "missão" qualquer a cumprir e, acho que essa missão consistia em mostrar que as pessoas diferentes das chamadas pessoas normais, não são assim tão diferentes.
Aprendi tanto, com este espaço. Sorri e chorei tanto com os vossos comentários.


Mas enfim... Cá estou eu outra vez e, ao contrário daquilo que escrevi acima, tenho a impressão que este blog não termina aqui :) Talvez tenha terminado o primeiro capítulo, mas estou certa que muitos mais virão.
Acho que o capítulo seguinte será: "A queda dos dentes de leite" visto que hoje, caiu o primeiro dente de leite do nosso protagonista :)

Até muito breve!

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Obrigada 2005

É sentada em frente a este monitor e a ouvir o "António", do album Cinema, daquele homem que da magia faz música (Rodrigo Leão), que vou sorrindo, enquanto escrevo.

Não se trata apenas de um simples post, o que vou escrever, acho que é algo muito mais importante que isso: trata-se do meu ano de 2005. Um ano, pura e simplesmente mágico, que marcou, para sempre, a minha vida.
Não conheci o homem da minha vida, mas casei com ele... :) Descobri que é preciso muito pouco, para ser feliz, descobri que o amor tem capacidades infinitas, para transformar tudo e todos. Descobri que há sempre uma solução com um final feliz, mesmo naqueles momentos onde tudo se esconde e tudo desaparece; aliás: deixei de ter momentos desses :)
Dou graças ao amor!! Agradeço por me deixarem amar, agradeço por ser amada. Agradeço por ter um filho, que me enche os olhos e o coração, agradeço por lhe ter dado um Pai.
Gostava que houvese um Senhor chamado 2005, para lhe dar um abraço infinito e lhe agradecer por ter existido, mesmo tendo existido apenas 365 dias; foram 365 dias maravilhosos, os que o Senhor 2005 me ofereceu.
A 2005 não posso agradecer, pessoalmente, mas há um alguém muito especial a quem posso dizer obrigada:
"Obrigada por me teres encontrado, obrigada por me teres puxado, obrigada por me teres agarrado. Este ano, foi sem dúvida, o melhor da minha vida e, é sem dúvida a ti meu anjo, que tenho de agradecer. Agradeço tanto por me amares... por nos amares.
Agradeço a 2005, por ter inventado o dia 1 de Outubro e agradeço-te por me teres tornado na mulher mais feliz do mundo nesse dia. No dia 1 de Outubro de 2005. Foi o dia de todos os sonhos, de todos os sorrisos, de todo o nosso amor, de todas as nossas alegrias, de todo o nosso Nós. Agradeço-te tanto por esse dia, meu amor.
Agradeço-te, por me teres levado nas tuas asas, até áquela cidade mágica, onde o nosso amor se encaixava tão bem, onde os nossos beijos sabiam a mel e a Outono e onde os nossos passos se cruzavam nas folhas caídas e douradas. Agradeço-te por me teres mostrado a hora de Praga; a nossa hora de Praga.
Agradeço, por ter o sorriso da alma estampado no rosto :)
Agradeço-te, por ouvires alguém chamar-te de Pai e sorrires com isso :O)
Agradeço-te por fazeres de mim a esposa, a mãe e mulher mais feliz do mundo.
Agradeço-te por tudo e por nada. Agradeço-te, apenas, por completares a minha vida.

Para ti, meu amor: Um Natal Muito, Muito Feliz!!
De quem te ama muito, muito, aquele muito

Ana Catarina Ferreira

sexta-feira, dezembro 16, 2005

O Pai da Bárbara

Ontem, ao abrir a caixa do correio, reparei que tinha um envelope um pouco fora do comum, porque além de estar escrito à mão, não eram contas para pagar, nem publicidade chata, o que, infelizmente, hoje em dia é o que mais se recebe, nas nossas caixinhas do correio :)
Vi que chegava de S. Pedro Avioso e, obviamente sorri, quando vi de quem era: do Alberto.
Abri o envelope apressadamente e fiquei looooongos segundos a contemplar o que os meus olhos me ofereciam... talvez a Bebé Natal mais amorosa do mundo, a desejar um Feliz Natal: a filha do Alberto.
Não havia mais nada dentro do envelope, apenas aquela doce fotografia. Nada escrito, apenas a linda Bárbara vestida de Bebé Natal.
Eu e o Alberto sabemos que a verdadeira magia não se vê; sabemos que mora no coração de quem a possui e por isso percebi que não valia a pena ter escrito nada. Consegui sentir tudo aquilo que ele me queria dizer, recebi tudo aquilo que ele me queria enviar, percebi, tão bem, o que ele sente por aquela menina...
Conheci o Alberto aqui, no meu blog e, é só daqui que o conheço. Trocamos algumas mensagens, deixo comentários no blog dele e ele no meu e... tal como a magia de ter lido e sentido o que ele não escreveu, sentimos um pelo outro um sentimento muito forte, sem termos contacto algum.
Admiro muito este homem, apesar de não saber muito dele. Sei que tem uma família linda e uma força de viver que não tem limites. Foi essa força, essa vontade de viver, esse orgulho pela Bárbara que senti quando vi a foto dela. Senti uma coisa dentro de mim, que não dá para explicar; senti no fundo, uma mensagem muito bonita, vinda de S. Pedro Avioso.
Tal como o Rafael não vê, o Alberto não anda e, acho que no fundo, foi essa a cumplicidade que nos uniu. A força das pernas dele foi todinha para o coração, tal como a luz dos olhos do Rafa, também foi.
O Alberto é alguém que mostra que a deficiência não é um bicho de sete cabeças e que o mais importante é aceitar o que nos aparece e aprender a sorrir com aquilo que de pior temos, até chegarmos ao ponto de sermos admirados por tal. O Alberto é alguém muito especial, que deixou de andar, mas que soube e sabe continuar a caminhar. Tudo isto e muito mais, faz do Alberto um ser muito especial; mas no fundo, sei que o que o torna naquele Homem Grande é o facto de ter em casa, aquela família linda que o espera todos os dias, com aquele sorriso bem especial...
Para ti querido Alberto, um Muito Obrigada, da família Ferreira :) com um sorriso bem, bem especial.

terça-feira, novembro 22, 2005

Finding Neverland

Chama-se Terra do Nunca e, sem dúvida alguma, mora dentro de mim há muito tempo.
Talvez me engane, mas acho que encontrei o senhor Marc Forster, nalgum sonho mágico e falei-lhe naquele lugar. Ele aproveitou e realizou o filme mais encantador de sempre.

Johnny Depp, Kate Winslet, quatro adoráveis meninos e um cão que se transforma em urso (eu vi o urso :) oferecem-nos um mundo tão encantador e tão mágico, que é difícil de o transcrever.

Imaginemos uma jovem viúva, mãe de quatro lindas crianças, que se senta sobre uma manta na relva e sorri ao ver os filhos brincar. É filha de uma terrível senhora, a qual se importa muito mais com o que se diz, do que propriamente com o que se sente.
Por outro lado, imaginemos um sonhador magnata. Um homem mágico, com um coração de criança, com um dom maravilhoso de sonhar, fazer sonhar e levar a imaginação até ao limite. Este senhor é casado com uma jovem, bonita e elegante mulher, mas que de longe, possui um coração igual ao dele. É fria e não sorri com os sorrisos das crianças.

Obra do destino... ou da magia do amor (eu acredito mais na segunda hipótese :) o dito senhor magnata, com alma de criança é interrompido na sua escrita por um marinheiro de palmo e meio. Marinheiro esse que é o filho mais novo da linda viúva...

A partir desse momento, o realizador não cessa de nos surpreender e obriga-nos de uma forma natural a viver e a entrar naquele filme.
Claro que não vou contar a história, mas gostava que todas as pessoas crescidas vissem este filme. É um bocadinho triste e fartei-me de chorar, mas vale mesmo muito a pena
Assumo de alma e coração que vivo naquela terra. Assumo de alma e coração que sou assim: tal e qual o Senhor J. M. Barrie; que tem a simples capacidade de sorrir com aquilo que sorri, de sentir que ganhou uma medalha de ouro, pelo simples facto de ver "aquele" papagaio de papel no céu, de brincar com tudo, por tudo e com todos, de transformar o impossível em realidade (mesmo que seja na imaginação, mas o que é realmente importante é acreditar naquilo que se quer)... que tem a simples capacidade de ser feliz com o que tem. E isso é tão bom...

Aconselho mesmo muito, a verem o "À Procura da Terra do Nunca". Aposto que tal como eu, há-de haver muitas pessoas crescidas com coração de criança, que lá no fundo da imaginação moram numa floresta encantada, com fadas, duendes, relva, flores, borboletas... e paz. Muita Paz!

quarta-feira, novembro 02, 2005

Parabéns meu anjo

Apenas para partilhar que o Piolhinho mais lindo do mundo faz anos hoje :)
Estou e sou a mãe mais babada do Universo. Amanhã publico o resto :) hoje foi apenas para informar, amanhã é para sorrir :)

quarta-feira, outubro 26, 2005

Era uma vez... uma linda história de amor





Porque todas as verdadeiras histórias de amor têm um lindo começo, aqui deixo o início do mais belo conto de fadas :)

quinta-feira, outubro 20, 2005

Estou feliz, Feliz, FEliz, FELiz, FELIz, MUITO FELIZ

Olá amigos :)
Apenas para dizer que estou de regresso. Regressei de um sonho maravilhoso e entrei numa realidade magnifica.
Tudo sorri à minha volta, a chuva sabe bem quando cai na pele, o excesso de trânsito deixou de ser chato, não custa acordar às 6 da manhã, é bom vir trabalhar... enfim... a vida é mesmo bela, porque estou, simplesmente Feliz, mesmo MUITO FELIZ :)

Tive o mais lindo dos casamentos, o mais lindo dos vestidos, dormi no mais lindo dos palácios (Seteais), viajei até à mais bela das cidades encantadas (Praga), amei e fui amada, amo e sou amada de uma maneira incondicional... o que é que posso pedir mais? Limito-me a usufruir de tudo o que este magnífico sonho me oferece. Limito-me a sorrir com tudo aquilo que esta vida magnífica me dá.

Posso não ter muito, mas sinto que tenho tudo.
Estou e sou feliz, o que é que eu posso dizer mais? :) Não digo mais nada e ofereço-vos o meu sorriso... que é grande e MUITO FELIZ :)

sexta-feira, setembro 16, 2005

Do sonho à realidade

Porque não me quero ir embora sem deixar um beijo e um sorriso, venho através destas palavras a transbordarem de felicidade e amor dizer que regresso daqui a um mês.
Mas antes de me despedir, deixo-vos uma pequena história, baseada em factos reais :)

"Há muitos anos, vivia numa pequena aldeia, uma menina que sonhava ser princesa.
De cabelos compridos e encaracolados, de olhos sorridentes e sorriso rasgado, a menina brincava no seu palácio encantado alojado na sua imaginação. Mas contudo, a menina vivia rodeada de bruxas e duendes maus. No entanto, sonhava que viria um príncipe, montado num cavalo branco e que a salvaria de todos os perigos que a atormentassem. Por ele nasceria um amor puro e esse amor seria retribuído e, tal como nos contos de fadas, casariam, teriam muitos filhos e viveriam felizes para sempre."

Esta história, há-de ser igual a muitas histórias de meninas felizes e sorridentes, há-de morar na imaginação das meninas que sonham, há-de ocupar tardes inteiras de brincadeira depois da escola, mas esta é especial, porque esta é a minha história.
Tive uma infância muito feliz, cresci rodeada de muita cor e muito amor e sempre com aquele sonho de fundo: um dia ser princesa!

Confesso que à medida que fui crescendo esse sonho foi morrendo, pois existiam as ditas bruxas que não me deixavam ser feliz, até que... o sonho falou mais alto e o príncipe apareceu na minha vida. Não trazia o cavalo branco, mas trazia o mais puro dos sentimentos: o dom de me fazer feliz, de me amar como ninguém e de realizar o meu sonho: o de me tornar princesa.

É verdade!! Esperei 23 anos, mas por um dia vou ser princesa: no dia 1 de Outubro de 2005. Vou ter um vestido de princesa, um olhar de princesa, um sorriso de princesa, uma felicidade de princesa. Vou casar no dia 1.
O meu príncipe pediu-me em casamento à cerca de 9 meses atrás e eu aceitei. Pensei que já não era possível sentir-me assim como me sinto, pois de há um tempo para cá, tenho-me sentido a pessoa mais feliz do mundo, mas hoje sinto uma felicidade tão grande dentro de mim que quase não cabe cá dentro.
Tenho vivido cada segundo desta decisão com a consciência de que nunca mais vou passar pelo mesmo, tentando aproveitar todos os momentos, porque sei que vão ser únicos.

Apenas queria partilhar com todos os Amigos que aqui me visitam esta minha felicidade e já agora :) convidar todas e todos para a minha despedida de solteira :) Vai ser na próxima sexta feira (dia 23) e vão lá estar todos os meus amigos (as). E digo do fundo do coração: adorava ter lá alguém daqui: todos vocês que gostam de mim e que obviamente, com tudo o que me escrevem e sentem, me fazem adorar-vos.
Portanto, quem quiser ser contagiado pela alegria e felicidade desta princesa é só deixar aqui um recadinho ;)

Até lá ou até daqui a um mês, deixo um beijo enorme para todos os Amigos, que também, moram aqui.

Catarina quase quase Ferreira :)

segunda-feira, setembro 12, 2005

Tão simples como António

Foi sem dúvida um dos momentos mais mágicos que vivi nestes últimos dias: quando ouvi o "António" do Rodrigo Leão.
Falavamos do casamento; da música para eu entrar enquanto ele me espera no altar, até que me disse com o sorriso mais carinhoso do mundo:
- E se entrasses com esta?
E naquela sala, onde a única luz existente era a de duas velas, ouviu-se o "António".
Senti algo dentro de mim que não consigo explicar. Fiquei com a alma a transbordar de tudo e de mesmo tempo de nada, foi um misto de emoções que me levaram ao mais profundo sentimento... e chorei. Ainda hoje não sei muito bem porquê, mas chorei, mesmo até passar a vontade de chorar. Foram minutos sem palavras; apenas a música, a troca de olhares e a luz das velas: minutos de magia, no fundo.

Senti que esta música "retrata" muito de mim, do meu eu, do meu coração. Quase que consigo substituir cada nota musical por palavras doces que moram no meu coração. E foi aí que pensei instalá-la aqui, para dar som às palavras que escrevo, para aqueles que me lêem sentir e o que escrevo, ouvindo cada palpitação do meu coração.

Ao Rodrigo Leão agradeço por ter criado esta enorme maravilha e por nos ter "emprestado" a voz do seu querido António, que tão bem se encaixa aqui: na música e nos nossos corações.

Ao Yardbird agradeço aquela preciosa ajuda, pois se não fosse ele, ainda hoje o António não morava aqui. Obrigada Amigo ;)

quarta-feira, agosto 31, 2005

A mãe e o Piolhinho


sexta-feira, julho 29, 2005

Férias

Esta gente encontra-se de férias : )
Voltamos daqui a duas semaninhas, entretanto estamos no sul, mais propriamente em Lagos (para aqueles que nos queiram visitar, basta perguntar pelo Piolho da Catarina, que toda a gente conhece. Hehehehe, estou a brincar, mas seria bastante agradável encontrar alguém daqui).

Para todos os que também vão: um óptimo descanso. Para aqueles que ficam: um óptimo trabalho : )

Toneladas de beijos e sorrisos mágicos, para todos e até dia 16 : )

Beijos, beijos, beijos, beijos, beijos e mais beijos.

terça-feira, julho 26, 2005

Amor para Lichinga

O que dizer daquele amor que nasce antes de o conhecermos?

É uma questão que acredito não ser difícil de responder, pois quando se sabe amar e há um coração do tamanho do mundo para oferecer, o mais difícil é o amor passar ao lado e o mais fácil é o amor acontecer.
Aprendi a amar incondicionalmente, quando aprendi a ser mãe. Mas amar um filho é um amor que nasce por si, o próprio facto de se ser mãe, quase que "obriga" a amar o filho; mas amar aqueles que não se conhece... isso sim é de louvar.

Talvez por gostar tanto de amar, por gostar da magia que o amor tem, por me saber alimentar de pequenas coisas, por sorrir de tudo e de nada, por beijar por tudo e por nada, por repetir vezes sem conta: Adoro-te ou Amo-te, no fundo, por saber ser feliz com o que tenho; encontrei pessoas assim: com um coração... que não se consegue definir: O coração da Sofia e o coração da Isabel.
São os corações destas duas meninas (e mais alguns) que no próximo dia 2, partem rumo a Lichinga, em Moçambique. Vão em Missão. Missão de fazer sorrir aqueles corações, que simplesmente precisam de um colo, que precisam de um sorriso, que precisam de uma mão para lhes limpar as lágrimas que, já sem darem por isso, lhes caem pelo rosto...
Vão em Missão de ajudar quem mais precisa, naquilo que for preciso.
Angariar fundos, na venda daqueles colares, cuja confecção é tão simples como massinhas, imaginação, cor e muito AMOR, tem sido algo... mágico. Toda a gente compra, para embarcar no coração delas, naquela viagem. Toda a gente sorri por elas e com elas. Sabem tornar as pessoas mais solidárias e humanas e é tão bom, quando a gente se sente assim.
Levam roupinha interior para os mais pequeninos (senti-me tão bem, tão leve, tão humana ao separar as camisolinhas de algodão, que já não servem ao Rafael e que irão servir à medida naqueles que tanto anseiam por uma simples camisolinha de algodão), levam uma bagagem imeeeeensa de carinho, de beijos, de ternura, de magia e de sorrisos. De muitos sorrisos.
Levam com elas o carinho e a admiração de todos aqueles que delas gostam (o que não é difícil).
Sei que também levarão saudades daqueles que ficam, sei que ficará cá um "gatinho" que irá soltar "miados" de saudades, mas mais que saudades, irá "miar" de orgulho da sua gatinha ;P, sei que se sentem felizes por ajudar, sei que têm os nervos à flor da pele... sei que as Adoro e que as Admiro, profundamente...

A vocês: Isabel, Sofia e Companhia, que dia 2 de Agosto partem para Lichinga: BOA SORTE!!!!!
Que a magia dos sorrisos vença qualquer tristeza que por lá encontrarem (que sabem, que irão ser muitas, não é?), que haja sempre um bocadinho de pão para lhes dar, que as vacinas nunca lá faltem, que o amor transborde dos vossos olhares, que os sorrisos sejam contagiantes e que tragam de lá aquilo que de melhor poderão trazer: o coração cheio de esperança, para que um dia não seja preciso Missionárias em Lichinga...

Um beijo do tamanho desse amor que não cessa de crescer.

segunda-feira, junho 20, 2005

Uma festa no centro do coração

No Sábado passado, das 9h30m às 13h30m, foi a festa de fim de ano do meu Piolhito, naquela escola mágica!
Com a igualdade ao fundo e ao centro, aqueles Educadores Feiticeiros, transformaram aquele jardim numa floresta encantada, em que a poção oferecida e partilhada pelo olhar, transformava todos os adultos em crianças felizes, sorridentes e com vontade de dançar e cantar.
A festa foi de todos e para todos. Todos os duendes da Infantil foram "trajados" a rigor (acompanhados pelas suas fadas madrinhas e "fado padrinho" (este és tu, Luís hehehehe)) para dar o seu melhor... e deram mesmo. Desde o hip hop, ao heavy metal, passando pelo reggae, pelos anos 60 e outras "Musicalidades" mais, foi sem dúvida uma festa de arromba, onde o sorriso era natural e contagiante. Morava uma alegria tão imensa naquele jardim, que até a bisavó do Piolho dançou, bateu palmas e sorriu que se fartou. Pois, pois... porque o Piolho levou a família toda atás: a bisa, a avó, os tios, os primos e etc e toda a gente veio mega Feliz :) :) :)

Ver o Piolho a dançar daquela maneira foi mágico, abraçar a linda Sofia (do blog natsoph.blogspot.com) foi mágico, mesmo muito MÁGICO, a festa foi mágica, os sorrisos eram mágicos, enfim... saí de lá completamente enfeitiçada :)

Só para dizer que, cada vez mais, vale o esforço dos duzentos quilómetros diários para estar com vocês. É muito, eu sei, mas também não há grandes alternativas. Mesmo se houvesse, não sei se o tiraria desse reino encantado.
Senti (ainda mais) o coração do tamanho do mundo, Sábado de manhã. Senti (ainda mais) um orgulho imenso naquele meu Principezinho. Senti (ainda mais) um amor mágico a espreitar por cada tronco de árvore, daquele jardim. Senti-me (ainda mais) feliz... Muito Feliz, no Sábado de manhã.

Agradeço à Fada Mila, por tão bem cuidar, educar e fazer sorrir, o meu duende.
Agradeço à Fada Sofia, por ser como é e por me transmitir e oferecer aquilo que oferece.
Agradeço à Fada Mónica, por "desempenar" aquele português. Acredito que juntas o vamos tornar num papagaio anti tagarela e a favor do discurso directo ;)
Agradeço à Fada Isabel por me sorrir e me chamar de Mãe Catarina.
Agradeço à Fada Gabriela por ser a Rainha do Reggae (hehehehe) 5 estrelas linda Gabriela.
Agradeço à Fada Rita Grande (assim chamada pelo Piolho, para eu saber qual é a Rita a que ele se refere) por o nome dela sair, vezes sem conta, da boquinha linda do Piolhito. "Perna esquerda, perna direita, agora marcha, levanta o braço e etc, etc... Estou na ginástica com a Rita Grande!" aula de ginástica, directamente do Helen Keller, para a nossa casa. hehe!
Agradeço à Fada Ana, por nos ter oferecido aquele cd maravilhoso, com aquelas fotografias maravilhosamente mágicas.
E agradeço a todas as fadas e "fados" que não referi, mas que são imensamente importantes para nós.

Já passou mais um ano lectivo, agora vem a praia, depois as férias, mas, obviamente que este ano não pode, nem deve, passar... simplesmente. Nasceu algo muito mágico entre as pessoas que estão mais ligadas ao Piolho e essas pessoas, são aquelas Educadoras Maravilhosas que eu Adoro, simplesmente. E, foi graças a este blog, principalmente, que esta amizade se transformou naquilo que se transformou: MÁGICA!
Sinto-me aconchegada e mimada no seio daquela nova família e é ao meu filho que tenho de agradecer por as ter encontrado, porque se não fosse ele, nem sequer sabia da existência do Centro Helen Keller.
Mas como ele nos apresentou, há que preservar e conservar este sentimento tão bonito que une esta mãe àquelas meninas que fizeram um coração do tamanho do mundo... quase literalmente ;)

Obrigada, por fazerem parte do nosso coração!!!

quarta-feira, junho 08, 2005

O tic tac da Mila

Ontem, a mãe Catarina e o pai Frederico, foram à escolinha (é assim que lá somos tratados; o que acho maravilhoso).
Para além do encontro com a princesa Mila, com a princesa Mónica, com a princesa Isabel e com a princesa Sofia (o tão esperado por estas duas princesas: eu e a Sofia, pois só sorríamos via internet), ainda trocamos opiniões em relação ao Piolho; falámos muito sobre o seu comportamento, atitudes e coisas... mesmo à Piolho, do género:

Um dia a Mila, estava na sala com os Piolhos, a tentar explicar que o Piolho Rafa e o Piolho Tiago, ouvem certos sons que nós (os normovisuais) não ouvimos, ou não prestamos atenção. Têm os sentidos mais apurados e etc, etc, etc, etc...
No meio desta explicação, a princesa Mila reparou que o Piolho Rafa (o meu Piolho), não estava a prestar a mínima atenção ao que ela estava a dizer (para variar :) ) e perguntou-lhe o que é que ele estava a ouvir. Atrapalhado ou não, isso não sei, respondeu-lhe, simplesmente, que estava a ouvir o relógio. Todos os Piolhos se calaram e naquela sala só se ouviu:

Tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac...

Mesmo para dar sentido à tua explicação, não foi Mila? :)

Obviamente que, apesar dele não estar a prestar atenção ao que a Educadora lhe estava a dizer, achei aquilo uma ternura do outro mundo!

Tenho um Piolho tão lindo, não tenho?

quinta-feira, junho 02, 2005

Hoje...

... esta mãe está tão Feliz, hoje!!!!!
Não é que esteja mais feliz que ontem, mas acontece que hoje é um dia muito especial para mim. Tão especial, como há vinte anos atrás. Faço anos hoje!
Ainda conto os dias, para chegar o 2 de Junho, dois ou três meses antes; adoro ouvir "Parabéns!!!" acompanhado de um sorriso enorme, dar dois beijinhos e dizer "Obrigada", adoro soprar as velas; adoro fazer anos. O sentimento mantém-se, inalterável, desde que sou gente.
O Piolhinho disse-me de manhã, que ía dizer à Mila, que a mamã faz anos hoje. Não sei se disse, mas fiquei contente, por sentir que ele quer partilhar esta "coisa" tão especial. Quase tão especial como os anos dele, ou os do Frederico. É para eles que dedico esta "coisa" tão bonita que mora dentro de mim: o simples facto de ser o dia dos meus anos e de poder partilhar com eles a alegria do dia de hoje. Não percebo o porquê de me sentir assim, mas o que é certo é que sempre foi assim e, ainda bem que assim o é, porque estou tão feliz... Tão feliz : )
Obrigada àqueles que me aturam e me fazem sorrir, principalmente, hoje.

Parabéns a esta jovem, que ama ser mãe daquele ser maravilhoso, que ama ser (quase, quase, quase) casada com aquele ser maravilhoso e que o ama de uma forma tão bonita, tão intensa e tão verdadeira, que ama os pais e aqueles ombros que tão bem carregam e partilham na hora certa, que ama o maninho,que ama aqueles amigos mesmo amigos (que eles tão bem sabem quem são), que ama as educadoras amigas do Helen Keller, que ama estes comentários, que ama sorrir, que ama dar beijos, que ama amar, que ama ser amada, QUE AMA SER FELIZ!!!
Portanto: só posso agradecer e estar feliz por fazer anos, porque adoro viver da forma como vivo e adoro o mundo e seres que me rodeiam e fazer anos assim, um após o outro, é ou não é maravilhoso?

terça-feira, maio 31, 2005

A família está a aumentar...

Pois é :)
leram bem, sim! A nossa família está mesmo a aumentar :)
Há muito que era desejado e, esse dia por fim chegou.
Se os mais crescidos ficaram felizes e contentes, o Piolhinho ficou radiante.
No Sábado, foi a primeira coisa que lhe disse, assim que acordou. Ficou tão feliz, tão feliz, que me abraçou com quanta força tinha e disse:

- Estou tão contente!!!!

O número quatro lá de casa é amarelinho, tem olhos verdes, tem quatro patas e chama-se Tareco!!!
Pois é!! É um gatinho lindo, lindo, lindo, de dois mesinhos :)
Enganei-vos não foi? Hehehehehehe!!!!!

Qualquer dia é mesmo a sério (só espero que esse qualquer dia seja para breve, para muito breve) mas até lá, vamos sorrindo e brincando com este novo habitante, que faz as delícias de todos, principalmente do filho mais velho... tendo em conta que o Tareco é o filho mais novo! : )

quinta-feira, maio 19, 2005

O mesmo coração

Hoje de manhã, encontrei aquele meu colega do post "In America... In I.P.O."
Embora trabalhemos na mesma entidade, os nossos gabinetes são em sítios diferentes e raramente nos cruzamos, mas hoje falamos, sorrimos e... choramos.
Há tempos,escrevi o que não tive coragem para lhe dizer nos olhos, preferi escrever, porque se há olhares que me magoam, são os olhares de quem sofre pelos filhos e como sei tão bem como custa falar dessa dor sem chorar, preferi não olhar para ele e dar-lhe a ler o que me ía no coração.
Quando o encontrei, perguntei-lhe a meia voz se o filho estava melhor, ao qual ele respondeu:

- É assim Catarina. Eu não posso dizer que ele está melhor, porque nunca o senti doente...

Estas palavras foram ditas acompanhadas por um sorriso cheio de fé e esperança. Estas foram as palavras de um Pai que ama o filho acima de todas aquelas coisas feias, tristes e más. Estas palavras encheram-me o coração e iluminaram-me o olhar.
Não lhe fiz mais perguntas, porque não queria ouvir as respostas. Gostei tanto de ouvir o que ouvi que limitei-me a ficar por ali, não quis ouvir o resto (também não sei se haveria mais alguma coisa para ouvir), gostei de o ver assim e assim ficamos.
Ele, da dor dele soube tranformá-la em esperança, tal como eu da minha dor, a consegui tranformar em alegria e num grande objectivo: não de lhe dar as cores, porque clinicamente é quase impossível, mas de as transformar em notas musicais e torná-lo num grande músico, ou algo assim parecido.
Aos poucos, vou-me apercebendo que o coração daquele pai tem um amor muito parecido ao meu. Hoje, ao ficarmos sozinhos na mesma sala, agradeceu-me e disse-me que era uma muito sensível e especial. Demos a mão, apertamo-las e sorrimos de lágrimas nos olhos. Sem mais palavras, beijou-me a mão e com o mesmo olhar, seguimos o nosso caminho, cada um para seu lado.
Cairam-nos algumas lágrimas, mas já não estavamos juntos. Se calhar não quisemos demonstrar a emoção e revolta que existe no coração de alguém que se sente impotente perante a injustiça que o mundo reservou para os seus filhos. Emoção e revolta, que nos é comum.
Saímos emocionados, mas mais fortalecidos... creio...

segunda-feira, maio 09, 2005

Os Olhos dos Outros

Foi numa destas noites de febre que, sem querer, olhei para o Piolhinho, de uma forma diferente. Por breves instantes, acho que o olhei com os olhos dos outros e não com estes olhos de mãe, a quem tudo parece normal... mas obviamente que não é.
Enquanto dormia olhava-o e recordava-o com um aninho. Lembrei-me dele assim, pois dormia um sono tranquilo e com uma das mãozinhas na bochecha, tal como, quando era bebé. Apesar daquele comprimento todo (1 metro e vinte e qualquer coisa), do cabelo "à rapazinho", cara de reguila e malandro, asneirento, teimoso e mau feitio, com uma personalidade "do caraças", recuei três ou quatro anos e vi o meu menino com cara de anjo e caracóis grandes. Vi-o puro, inocente e pensei:

- Passou este tempo todo e ele nunca viu. Mesmo sendo bebé era cego... Tão indefeso, tão bonito, tão tudo e... sem ver.

Naquela hora, senti que não tinha vivido nada daqueles anos. Que aquele bebé cego não tinha sido o meu bebé, que nada de mau lhe tinha acontecido, porque era bonito demais, era pequeno demais, era perfeito demais para não ver e, senti pena. Senti-me mesmo triste por aquele anjinho ser "assim".
Eu sei que ainda é muito pequeno, mas é diferente, é mais crescido. Talvez seja isso ou talvez fosse sempre assim. Sempre o vi como uma criança normal. Talvez daqui o cinco anos pense nisto outra vez e talvez sinta a mesma pena que sinto quando penso que há cinco anos atrás ele era cego, mas o que é certo, é que o vejo de uma forma tão feliz, que vou deixando o tempo correr à velocidade certa e não penso muito na cegueira dele, agora.
Só olhando para trás me apercebo e vejo tudo. Tento ser feliz no presente, desfrutando cada sorriso e cada novo passo, mesmo quando a angústia da escuridão dele me aperta. Consigo ignorar aquela pontinha de dor, que por vezes bate à porta do meu coração e mandá-la embora. Só que às vezes a razão fala muito alto, chega mesmo a gritar e mostra-me o mundo de uma outra forma. Não acredito que seja a forma mais feliz, nem sei tão pouco se será a mais correcta, mas sei que é a mais verdadeira.
E, naquela noite, vi-o com os olhos daqueles que não o conhecem e o olham com pena, diferença e curiosidade.
Uns olhos que detestava (e ainda detesto, não é por os compreender que os vou admirar) por serem tão mesquinhos, que se fixam nos olhos do meu menino e não os largam. Detesto que olhem assim para ele, detesto que digam "aquele menino é ceguinho", dói-me muito, muito, muito e eles não percebem... mas naquela noite eu percebi esses olhos. Não o olham por mal, falam sem pensar que me custa ouvir; mas será que eu não fazia o mesmo?
Se eu senti pena por ele ser um bebé cego, tenho o dever de perceber as reacções dos "outros", mesmo sentido o coração apertadinho e uma vontade imensa de fugir daquele lugar.